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O Brasil e a Dengue

Os primeiros relatos de dengue no Brasil datam do final do século 19, em Curitiba (PR), mas ainda eram dados incipientes. O primeiro surto documentado ocorreu em Roraima, em 1981. Desde então observamos temporadas de maior e menor incidência do vírus no Brasil, mas sempre algo preocupante…


Então chegamos em 2024! Depois da Covid-19, é o novo pesadelo em nosso país! Foram 6,5 milhões de casos prováveis até meados de setembro deste ano, com 5.536 óbitos confirmados e mais 1.591 em investigação. Somente em São Paulo foram 2,1 milhões de casos (mais de 639 mil na capital) e 1.786 mortes confirmadas (365 na capital). (1)


E algo triste de pensar: quantas crianças têm sido internadas devido a dengue? Foram quase 1,6 milhão de crianças e adolescentes acometidos, quase 52.000 bebês menores de 1 ano de idade. (1)


São várias razões para justificar essa atual situação, que incluem a falta de atenção pública à doença, as alterações climáticas, a ausência de medidas efetivas disponíveis para o controle da doença, além da responsabilidade social de cada cidadão, em fazer a sua parte.


Temperaturas elevadas e umidade são dois fatores determinantes para a replicação viral no inseto, o famigerado Aedes aegypti. Então, novamente, vemos as ações da humanidade impactando nas mudanças climáticas e facilitando essa pandemia de dengue e, infelizmente, outras futuras pandemias que viremos a conhecer.


São necessárias ações no controle da dengue. Ações de todas as esferas, públicas e sociais.


O desenvolvimento de novas metodologias para o controle do inseto, como a bactéria Wolbachia, que reduz a multiplicação do Aedes aegypti, adotada este ano, por exemplo, em Niterói (RJ), trouxe redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% de chikungunya e 37% de zika na cidade. (2)


A implementação da vacinação universal no Brasil pode trazer um novo alento no controle da doença, mas ela precisa ser realizada. Já convivemos com baixa cobertura vacinal na população, uma vez que o Ministério da Saúde estabeleceu a faixa de 10 a 14 anos para a realização da vacina contra a dengue. Não temos a extensão para outras idades, por absoluta incapacidade de produção da vacina, somada ao custo e falhas na preparação para o combate à doença.


Aquisição de mais vacinas? Desenvolvimento da nossa vacina (vacina do Butantan na fase III no momento)? Controle do inseto? Cuidados com o ambiente? Compromisso social e governamental? Na verdade, tudo isso somado. Que cada um de nós possa fazer muito bem-feita a sua parte.


Saiba mais:

Relator:

Marcelo Otsuka

Vice-Presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo


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