Médicos de 546 municípios brasileiros apresentaram relatos ao Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre falhas na infraestrutura necessária ao adequado acolhimento dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus. É o que mostra o primeiro levantamento do CFM sobre o tema, que também revela forte correlação entre o volume de queixas e a quantidade de casos confirmados e óbitos em decorrência da COVID-19 no País.
“Os resultados permitem inferir uma associação estatística entre a quantidade de denúncias apresentadas pelos médicos e o número de óbitos e de novos casos de COVID-19 notificados em cada um dos estados. Isto é, onde há mais médicos atuando contra a epidemia, é naturalmente maior o número de denúncias, que também acompanham o volume de casos existentes e, consequentemente, de óbitos”, aponta o presidente do CFM, Mauro Ribeiro.
Segundo ele explica, percebe-se um coeficiente de correlação de 0,617 com o número de casos novos e de 0,623 com o número de óbitos. Nessa medida, utilizada tradicionalmente por estatísticos e epidemiologistas, quanto mais próximo do dígito 1 for o resultado do cálculo, maiores são as chances destes fenômenos (incidência e mortalidade) caminharem juntos.
O Sudeste concentra o maior número de denúncias dos médicos durante o período analisado, com 947 (44%) no total. Proporcionalmente, é a região onde também foram notificados o maior número de casos novos – 74.727 (42%) – e de óbitos pelo novo coronavírus – 5.830 (51%). Na sequência aparecem os estados do Nordeste, com 28% das denúncias, 33% dos casos e 29% do número de mortes. Confira abaixo o quadro por região geográfica.
De acordo com o levantamento do CFM, houve relatos de inconformidades em unidades de saúde de todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. A maior parte delas, assim como os casos notificados da doença e os óbitos, estão em São Paulo, onde os médicos que atuam no enfrentamento da pandemia apresentaram 472 queixas contra serviços de saúde distribuídos em 90 municípios paulistas.
Em segundo lugar em números de informes recebidos na plataforma criada pela autarquia aparece o Rio de Janeiro, com 245 relatos que tiveram origem em 27 cidades. Em terceiro lugar, também no Sudeste, está Minas Gerais, onde os médicos de 60 municípios diferentes depositaram pelo menos 189 comunicações de falhas na infraestrutura, falta de equipamentos, insumos e recursos humanos.
Na outra ponta, com número menor de casos reportados ao CFM, estão o Acre e Sergipe, onde foram identificadas quatro denúncias cada: duas denúncias em Feijó, uma em Rio Branco e uma Manoel Urbano (AC) e quatro na capital sergipana, Aracajú. Com menos de 15 denúncias cada, aparecem ainda Amapá, Roraima e Tocantins. Confira abaixo o quadro por Estado.
Das 2.166 denúncias apresentadas ao CFM, 40% são de médicos que atuam em 18 capitais brasileiras. Só em São Paulo e Rio de Janeiro foram relatados 187 e 161 casos, respectivamente. CLIQUE AQUI para conferir a quantidade de denúncias em cada um dos 546 municípios.
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