O Cremesp homenageou os médicos que completaram 50 anos de exercício na Medicina, no último dia 13 de dezembro, em evento realizado no auditório do Centro de Convenções Rebouças. Atuantes na Capital e Grande São Paulo, os 441 homenageados receberam diplomas e medalhas. O evento contou com apresentações da Orquestra Acadêmica e Coral da Cidade de São Paulo, sob a regência do maestro Luciano Camargo, e de um vídeo-homenagem exaltando a dedicação dos profissionais durante todos esses anos.
A mesa teve a participação de conselheiros do Cremesp, autoridades e representantes de instituições da saúde. Pelo Conselho participaram a presidente, Irene Abramovich, a vice-presidente e vice-corregedora interina, Maria Alice Saccani Scardoelli; o 1º secretário, Angelo Vattimo; a 2ª secretária, Maria Camila Lunardi; e o coordenador das Delegacias do Interior e coordenador interino do Departamento de Comunicação, Wagmar Barbosa de Souza. Também integraram a mesa, como convidados, o secretário-adjunto de Saúde do Município de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco; o chefe de gabinete da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), professor Yassuhiko Okay; e o vice-presidente da Associação Paulista de Medicina ( APM), Luiz Eugênio Garcez Leme.
Angelo Vattimo ressaltou que os homenageados exerceram a profissão de maneira exemplar, apesar das dificuldades e obstáculos. “Hoje a Medicina não é a mesma da época em que os senhores se formaram. Em 50 anos, o avanço tecnológico nos ajudou e muito, porém, olhamos com muita preocupação a formação médica atual, não apenas pelo absurdo aumento de escolas médicas, de qualidade muito aquém do mínimo desejado, mas também pelo tipo de formação que distancia cada vez mais os médicos dos verdadeiros pilares da Medicina – a semiologia, o consequente raciocínio clínico e a terapêutica –, tornando-os, muitas vezes, meros gestores de protocolos e algorítimos”, completou o 1º-secretário.
Wagmar Barbosa parabenizou os médicos por sua trajetória no exercício da profissão. “Os colegas, certamente, viveram e contribuíram com a história de Medicina do nosso País, pois 50 anos de serviços prestados a nossa sociedade, com dedicação e esmero, é um marco de comprometimento”, destacou.
Yasuhiko Okay representando o diretor da FMUSP, Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho – elogiou a iniciativa de homenagem pelos 50 anos de exercício da Medicina. “A causa é muito nobre, pois trata-se de servir a população, levando bem estar à ela, quer esteja atuando na promoção da saúde ou na prevenção de enfermidades ou exclusivamente na atenção curativa ou reabilitadora”, salientou Okay.
Já Maria Camila Lunardi preferiu agradecer aos homenageados. “Todos os que estão aqui hoje para receber novamente um diploma são aqueles que abriram caminho para nós e vieram nos ensinar, sendo nossos mestres e, muitas vezes, a nossa mão amiga. Então, mais do que parabenizar eu agradeço a todos vocês. Muito abrigada”, declarou a 2ª secretária.
Luiz Eugênio Garcez Leme lembrou que os médicos presentes para a homenagem começaram a exercer a Medicina em uma situação diferente da atual e que a profissão passou por muitas mudanças nesse meio século. “O importante é que essas mudanças tecnológicas, de diagnóstico e de terapêuticas não mudaram essencialmente a figura do médico, que, como já foi colocado aqui, não exerce uma profissão, mas uma missão”, destacou.
Maria Alice Scardoelli comparou os 50 anos de exercício da Medicina a bodas de ouro de um casamento e arriscou considerar que os homenageados “casariam” de novo com a Medicina, se pudessem voltar atrás e recomeçar a vida. “É muito emocionante estar com vocês e pensar nestes 50 anos, pensar quando eu também estarei aí recebendo esta homenagem; porque não há como a gente não se colocar nesse lugar e pensar como tem sido a trajetória de todos até aqui”, completou a vice-presidente do Cremesp.
Luis Carlos Zamarco felicitou os homenageados – em nome do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes e do secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos. “Agradecemos a essa população de médicos que deu a nossa cidade a experiência para a formação de novos profissionais; que desenvolveu a Medicina de maneira surpreendente e participou da criação do SUS, que mostrou ser uma das coisas mais importantes e que mais sucesso teve no tratamento dessa pandemia”, reforçou Zamarco.
Irene Abramovich, em resposta à fala de Maria Alice, afirmou que, com certeza, casaria de novo com a Medicina. Também parabenizou os médicos, revelando que entre os presentes estavam alguns de seus contemporâneos de faculdade e outros que foram seus médicos. “Quero agradecer não somente por vocês nos ensinarem a sermos médicos, mas, também, pelo fato de não termos feito Medicina na época da tecnologia em excesso e de aprendemos a tratar de gente, a ouvir, a prestar atenção no doente e de saber que ele tem um nome”, destacou a presidente do Cremesp. “A gente viveu um momento diferente e os médicos que estão se formando hoje são diferentes. E acho que nosso papel, de professor e de mestre, é ensinar não somente a patologia, o remédio que dar, mas a lidar com gente”, completou. Além disso, Irene criticou a formação médica deficiente e a abertura indiscriminada de escolas médicas da atualidade, lembrando que apenas no Estado de São Paulo há 67 faculdades de Medicina, das quais algumas duplicaram ou triplicaram o número de alunos.
Para representar os homenageados foram escolhidos os ex-conselheiros do Cremesp que também completaram 50 anos de exercício da Medicina, Marcos Brasilino de Carvalho, Itiro Suzuki, Mauro Brasil Lambert dos Santos e Telesforo Bacchela.
Suzuki falou sobre a importância da escola pública e do ensino médico de sua época de estudante, além de saudar a iniciativa do Cremesp. “Quero agradecer ao Cremesp por estarmos aqui reunidos para esta homenagem a nós prestada, em particular à sua presidente, dra Irene Abramovich, personagem impar da Medicina, atuante de forma incansável há várias décadas em prol da dignidade e do exercício ético da profissão que abraçamos. Atuei neste Conselho de 1988 a 1993, um período de trabalho árduo, mas, ao mesmo tempo, gratificante e de profundo aprimoramento de meus conceitos morais e éticos relacionados ao exercício da Medicina”, afirmou. “As alegrias foram muitas, mas, dos momentos tristes, é preciso enfatizar o que ocorreu com colegas que, por motivos diversos, principalmente de natureza político ideológica, tiveram sua trajetória acadêmica truncada, muitos deles perseguidos e presos pelo regime vigente à época; e de outros que tiveram que sair do País para completar os seus estudos, que por todos estes motivos não estão aqui conosco nesse dia; e dos que faleceram”, destacou Suzuki.
Ao som da orquestra, foi reproduzido em um telão um vídeo com o nome de todos os homenageados da noite. O evento foi transmitido pelo canal do Cremesp no Youtube e está disponível no link: https://youtu.be/7XHpUslEKsU
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