Com o intuito de discutir temas da atualidade relacionados ao cenário médico, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu o debate online "Transformação digital: Inovações e Startups na área da Saúde", protagonizado por deputados e autoridades médicas, que estão à frente de órgãos voltados à tecnologia, e mediado pelo coordenador do Departamento de Fiscalizações da autarquia, Daniel Kishi.
O evento contou com a participação do deputado federal (NOVO) e cofundador da startup "Recruta Simples", Vinicius Poit; do deputado estadual (NOVO) e presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), Sérgio Victor; do cofundador do "EmpreenderSaúde" e fundador do HIHUB.TECH-Health Innova HUB, HUB Digital de Inovação em Saúde, Fernando Cembranelli, e do diretor-médico Regional de Oncologia da Rede D'Or e membro da diretoria do Conselho de Ética da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Antônio Carlos Onofre de Lira.
A primeira palestra ficou a cargo de Poit, que falou sobre o "Marco Legal das Startups", proposta legislativa sancionada pela presidência da República e idealizada por ele, responsável por criar um ambiente regulatório favorável para as startups, com menos burocracias.
Em sua apresentação, o deputado federal falou sobre as dificuldades do dia a dia do empreendedor, principalmente no que se refere à captação de investimentos e à contratação de profissionais. De acordo com Poit, mais de 70% das vagas de emprego, geradas no Brasil, vêm de pequenas e médias empresas, o que escancara a importância destas entidades e a necessidade da desburocratização das mesmas.
"O Marco Legal das Startups dá mais segurança jurídica para o investidor que deseja empregar capital nestas empresas inovadoras e, também, permite a captação de dinheiro de alguns fundos que só abarcam Sociedade Anônima (S.A)", discorreu Poit, alertando que mais da metade das startups costumam a "morrer" em dois anos.
Já Sérgio Victor ministrou palestra sobre a "Atuação da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação da ALESP", a qual preside. A falta de pessoas qualificadas para trabalhar em órgãos voltados à tecnologia e inovação foram ressaltadas pelo deputado estadual, que lançou o "Novo Futuro Tech", plataforma de ensino gratuita que auxilia na formação de profissionais na área de programação e Tecnologia da Informação (TI) e, também, na contratação dos mesmos.
Para Sérgio, é essencial que empresas, sobretudo vinculadas à Saúde, pensem em soluções tecnológicas para otimizar sua forma de atuação. "Tivemos um caso de uma unidade de saúde de especialidades que contratou uma startup para revisar e aperfeiçoar os processos internos e colocar a tecnologia para medir, por exemplo, o tempo que cada paciente permanece lá. Com isso, conseguiram reduzir o tempo de estadia de três horas para 30 minutos", relatou, afirmando que a medida possibilitou tomadas de decisões mais assertivas e uma melhor coleta de informações dos assistidos.
Em seguida, Fernando Cembranelli dissertou sobre "A importância da inovação para educação em Saúde", exemplificando que, nos Estados Unidos, em seis meses já foram investidos mais de $14 bilhões em "saúde digital", o que demonstra o crescimento exponencial deste ecossistema que, segundo ele, acompanha, também, o Brasil.
Segundo Cembranelli, um dos principais desafios para que ocorra esta inovação é a escassez de profissionais com experiências práticas voltadas ao âmbito tecnológico e que não possuam apenas cursos de especialização ou títulos acadêmicos. Também ressaltou que as soluções em Saúde estão melhorando e mudando métodos de trabalho deste meio. "Essas mudanças trazem debates éticos e morais, inclusive sobre o atendimento médico tradicional", enfatizou, afirmando ser imprescindível que os médicos participem do desenvolvimento destas soluções digitais, uma vez que há competências que são específicas da Medicina.
Finalizando as apresentações, Lira discutiu sobre a "Atuação da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)", da qual faz parte. Corroborando a fala de Cembranelli, o médico destacou o crescimento das inovações digitais e a necessidade de profissionais qualificados na área, reforçando que, com a implementação cada vez maior da tecnologia, será possível otimizar, inclusive, a atenção primária.
"Para o funcionamento assertivo da 'Saúde Digital', é preciso recursos humanos qualificados, financiamento, governança, seguimento de padrões e um arcabouço legal adequado", ressaltou Lira, complementando que, entre as prioridades da SBIS, relativas ao período de 2020 a 2028, está o suporte à melhoria da atenção à Saúde, a formação e capacitação de profissionais e a implementação de políticas de informatização no SUS.
Durante o evento, os palestrantes responderam dúvidas dos espectadores, feitas por Daniel, que agradeceu a presença de todos, em nome do Cremesp, e chamou a atenção para a complexidade do tema, defendendo a promoção de outros debates, que enriquecerão ainda mais a discussão acerca das inovações em Saúde.
Para saber mais informações, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=f7JpgnTTQmU
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