Os riscos da abertura indiscriminada de vagas de graduação em Medicina foram apontados pelo diretor 1º secretário do Cremesp, Angelo Vattimo, durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (17), no Supremo Tribunal Federal (STF), presidida pelo ministro Gilmar Mendes, com o objetivo de discutir a exigência de chamamento público antes da autorização para funcionamento de novos cursos na área médica. O Cremesp foi o único Conselho Regional de Medicina do País convidado para manifestar-se na ocasião.
Em sua fala, Vattimo evidenciou os problemas decorrentes da má formação médica, que podem ser observados, principalmente, nos processos ético-profissionais presentes no Conselho, por imperícia. “Sabemos que médicos bem formados também podem cometer erros. Mas aqueles que não tiveram uma boa qualidade de ensino, com certeza, cometerão”.
O aumento desordenado de cursos de Medicina, sobretudo no Estado de São Paulo, também foi criticado por Angelo. Atualmente, o Brasil conta com mais de 360 escolas médicas e, ao longo do programa Mais Médicos, foram criadas 5,3 mil novas vagas de graduação, sendo 1,7 mil em universidades públicas e 3,6 mil em instituições privadas em todas as regiões do país.
Ademais, de acordo com a fala de alguns dos representantes presentes, o chamamento público do Mais Médicos ocasionou, também, na abertura de cerca de 61 faculdades de Medicina — algo repudiado por Vattimo.
Vale ressaltar que parte considerável destas faculdades não atendem, em sua totalidade, os critérios definidos pelo Ministério da Educação. “As escolas que não se enquadram nos parâmetros necessários não são fiscalizadas e, honestamente, não alimento qualquer esperança de que serão fechadas. O que podemos e devemos fazer é auditá-las e, aquelas que não dispuserem das condições adequadas, não terão mais vestibulares”, propôs Vattimo.
Por fim, o 1° secretário destacou a importância da residência médica e criticou a instituição de um exame obrigatório para formandos de Medicina, similar ao da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirmando que esta não é a solução para a garantia de uma formação ideal. “O que faremos caso o estudante não passe? Ele fará a faculdade novamente? O Estado permitiu que ele estivesse ali, que estudasse naquela escola. Se ele não passar, ele fará ‘cursinhos’ e realizará a prova quantas vezes forem necessárias, até ser aprovado”, enfatizou.
A qualidade do ensino médico e a abertura indiscriminada de faculdades de Medicina são pautas que vêm sendo debatidas frequentemente pela atual gestão do Cremesp, tendo a autarquia, inclusive, contribuído para o fechamento de curso na Universidade Brasil por diversas irregularidades, por meio da Operação Vagatomia. Assista o vídeo da participação de Vattimo.
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