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Cremesp defende a vacinação de todos os médicos em reunião com o novo ministro da Saúde


A presidente e o 1º secretário do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Irene Abramovich e Angelo Vattimo, participaram de reunião, em 25 de março, que contou com a participação dos atuais ministros da Saúde e da Educação, Marcelo Queiroga e Milton Ribeiro; do secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, e do presidente do Instituto do Coração (Incor), Roberto Kalil. No encontro, sediado no Incor, também estiveram presentes autoridades e médicos da instituição, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e do Hospital das Clínicas (HC).


A necessidade e importância da vacinação imediata de todos os médicos foram destacadas por Irene logo no início de sua fala. O apontamento foi feito após os presentes evidenciarem a atual carência de profissionais de saúde no atendimento direto a pacientes acometidos pela covid-19. "Temos que unir nossos esforços para mobilizar mais médicos para a linha de frente no combate à pandemia. No entanto, só é possível acioná-los quando estiverem devidamente imunizados e protegidos", ressaltou, alertando para a situação de médicos que atuam na iniciativa privada, em consultórios, e que ainda não foram imunizados.


O ministro Queiroga endossou o posicionamento de Irene e afirmou que a vacinação é a atual prioridade do Governo Federal, reiterando o que já havia dito anteriormente, em coletiva de imprensa, sobre seu objetivo de imunizar 1 milhão de pessoas por dia. Disse, ainda, que uma das alternativas para acelerar a imunização é ampliar os horários de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e comentou sobre o número de vacinas disponíveis. "Um de nossos grandes desafios é ter mais imunizantes. Não podemos ficar reféns de outros Países... tanto que agora teremos, também, os da Pfizer e da Janssen", expôs, complementando que o processo de regulamentação pela Anvisa acaba sendo mais demorado, já que demanda uma análise técnica, para que a saúde da população não seja colocada em risco.


Educação médica

Durante o encontro, os programas de residência médica e o Revalida também foram debatidos. Irene criticou os recorrentes casos recebidos pelo Cremesp, em que estudantes de Medicina de faculdades do exterior ingressam com mandado de segurança para obterem o registro médico no Conselho, mesmo que não tenham revalidado seu diploma.


"Enquanto a revalidação não for feita, o solicitante não é médico. Esta etapa é fundamental para que possamos inibir a prática que burla a legislação e também a utilização de documentação falsa", analisou Angelo, mencionando episódios já vistos pelo Cremesp, nos quais pessoas reprovadas na 1ª fase da avaliação, pagam valores exacerbados de, em média, R$ 80 mil, em cursos preparatórios com programas discutíveis, relativos ao Revalida, para obterem a revalidação do diploma.


O ministro da Educação corroborou a fala de Vattimo e comentou sobre uma proposta que vem sendo estudada para auxiliar na verificação da autenticidade do diploma — a certificação digital. De acordo ele, o sistema conferiria automaticamente a veracidade do documento e, desta forma, coibiria a falsificação destes documentos.


Por fim, o ministro Ribeiro discutiu sobre os resultados da última prova do Revalida, realizada em dezembro de 2020. "Tivemos cerca de 2.300 candidatos aprovados na 1ª fase da avaliação", afirmou, ressaltando que este é um índice baixo, tendo em vista que houve mais de 15 mil inscrições.


Defesa da ciência

"Nosso foco deve ser o investimento na ciência, nas vacinas. Também precisamos nos atentar aos CAPEs e investir em leitos de UTI de alta complexidade", defendeu Kalil.

O secretário de Estado da Saúde reforçou o posicionamento do especialista e dirigiu-se ao ministro Queiroga, parabenizando-o pelo novo cargo e dizendo esperar que o ministro tenha autonomia para manter a ciência atuante, durante seu mandato. O secretário também criticou o negacionismo, presente na sociedade, e as práticas sem respaldo técnico, adotadas por muitos profissionais, principalmente na atual pandemia. "Vemos muitos médicos seguirem cartilhas que não são científicas, o que representa um risco para pacientes. Estas são condutas insustentáveis", expôs.


Posteriormente, o secretário abordou a atual escassez de medicamentos para intubação e disse esperar uma proatividade entre o Ministério da Saúde (MS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAs) para combater este problema.


Em resposta, Queiroga afirmou que o presidente da República é o maior defensor da autonomia do médico e que trabalharão em cima de suas convergências. Também declarou que o MS tem o dever de assegurar o provimento de medicamentos às pessoas de todo o Brasil e que não poupará esforços para que haja o reabastecimento das medicações em carência.


Diante do cenário apresentado pelos presentes, a presidente do Cremesp reiterou que o Conselho está à disposição para auxiliar no que for necessário em relação ao combate à covid-19 e ressaltou a importância de se alicerçar à ciência e rechaçar qualquer prática associada à condutas que não possuam embasamento técnico.


A ampliação do número de leitos de UTI também foi apontada por Abramovich como uma medida urgente e imprescindível, mas que demanda, obrigatoriamente, profissionais capacitados. "Precisamos de recursos humanos, de profissionais de saúde para coordenar estes leitos, se não, de nada adianta", comentou, alertando mais uma vez para a necessidade de se vacinar estes trabalhadores.


Ao final da reunião, a presidente e o 1º secretário do Cremesp agradeceram pelo convite e salientaram a relevância destes encontros, que possibilitam uma integração entre as autoridades. Disseram, ainda, esperar que essas discussões resultem na defesa da ciência, na imunização de todos os profissionais de saúde e no combate à desinformação.


Foto: Osmar Bustos


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